
O Frei Pedro apresenta-nos o primeiro momento forte do Dia.
A Palavra de Deus é veículo
para um encontro mais profundo com os outros.
Depois de ouvir esta Palavra
repartimo-nos em grupinhos
para partilharmos a nossa vida à luz dessa Palavra.
Jesus provoca-nos logo com uma sua pergunta
no evangelho de S. Lucas ( Lc 12,46-50):
Quem são os meus irmãos?
No evangelho ouvido hoje aparecem dois anuncios:
1º anunico: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora
e querem ver-te».
Jesus tem uma família de sangue. Pertence a uma família humana como nós temos em Lisboa ou Coimbra ou Viseu.
2º anuncio: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática».
É uma família de tamanho mais amplo, que não se identifica com nenhuma outra coisa - nem terra ou localidade, nem trabalho, nem estrato social, nem nada - a não ser com Cristo Senhor que se manifesta na sua Palavra.

No trabalho de grupo ficámos a reflectir sobre as seguintes pistas:









O ENCONTRO COM DOM ALBINO, bispo de Coimbra

A conversa com o bispo de Coimbra começa logo com uma pergunta breve e clara:
Se comparado com os membros de outras religiões do mundo (budistas, hindus, etc), que rezam sozinhos no templo, aparece bastante claro que o cristão é
alguém que não é capaz
de olhar para Deus
sem os outros.
Rosseu num dos seus romances sonhava que a solução do mal no mundo seria pôr o homem viver sozinho já que os piores males vêm na relação entre homens. Mas será isto felicidade?
Pelo contrário, parece estar na própria raiz do homem viver com o outro.
Embora isto leve a fazer experiência também do mal...
Adão e Eva no principio da criação manifestam muito bem isso.
Um teste na América quis identificar quais são as profissões que tornam mais felizes as pessoas.
Curioso é que os mais felizes não são aqueles que exercem as profissões que os fazem economicamente ricos ( ex.: bancários )
mas sim aqueles que ajudam os outros, que se relacionam com os outros ( ex.: médicos, professores, enfermeiros etc. )
Jesus por si próprio já o tinha descoberto sem teste algum quando disse:
Amai-vos uns aos outros como eu vos amei… e a vossa alegria será completa.
Nós somos felizes quando fazemos felizes os outros.
A felicidade passa pela relação com os outros. As primeiras páginas da histórias são poéticas mas também dizem verdades profundas que se perpetuam, porque estão na raiz do homem.
O primeiro par de irmãos, Abel e Caim, teve dificuldade em ser feliz. Porquê?
Um era pastor e outro lavrador.
Muitas guerras e conflitos nascem das diferenças sociais. culturais, económicas, étnicas, religiosas, etc.
Hoje em dia isto acontece a nível universal. Por exemplo:
Na Ásia, a China e a Índia estão neste momento a equipar-se do melhor armamento com o objectivo de meter medo aos Estados Unidos.
No entanto vendem os seus armamentos menos sofisticados aos países africanos que fazem guerra entre eles.
No século XXI, o século da democracia em que "todos são iguais", continua o veneno da guerra, porque se mantêm as divisões de raças, religiões, etnias, economias, estrato social, domínios, etc.
Jesus tenta superar as causas destas divisões contando várias parábolas (32 parábolas mais 70 gestos ).
Uma parábola famosa mas entendiada só por metade é a do "bom samaritano". ( Lc 10,29-37)
Quem socorre o homem assaltado, na estrada que vai de Jerusalém a Gericó, não são o sacerdote e o levita, neste caso socialmente mais próximos do ferido encontrado na estrada, mas sim um samaritano, um "inimigo", uma pessoa de outra cidade ...
O inimigo pode converter-se em amigo.
Como?
Não colocando ao centro as diferenças, mas o Amor, o valor da pessoa enquanto pessoa.
Isto é e deve ser a Igreja.
Mas também há muitos gestos que falam disto.
Um gesto importante é "a multiplicação dos pães e dos peixes". (Lc 9,10-17 e paralelos )
Jesus multiplica dois alimentos que fazem parte da alimentação do povo.
Alimentos que todos podem comer.
A dizer que o alimento que ele oferece é para todos.
Não é nenhum alimento sofisticado só para alguns, mas para todos.
Isto quer dizer que na Igreja somos todos iguais.

Uma das experiências mais bonitas para Dom Albino é na eucaristia quando distribui o Corpo de Cristo e vê apresentar-se a receber o Pão eucaristico uma criança, dois idosos, o senhor Doutor, novamente três crianças, uma data de idosos, a médica de família, um casal, a senhora que tem três filhos e marido hospitalizado, o sr engenheiro, dois jovens irmãos, uma senhora que tem o filho na droga… Perante Deus somos todos iguais.
O mesmo alimento, o mesmo Jesus é para todos e cada um.
Deus vai compor isto da guerra com a Igreja.
Mas parece que nem com a igreja consegue.
Como é estruturada a Igreja para ajudar a superar as lutas entre irmãos?
Alguns dizem que a Igreja é estruturada como um exército ( sargento, capitão, major coronel, geral ).
NÃO! Embora alguns falem desta maneira.
Na igreja há os apóstolos ( bispos, cardeais, papa ) que que têm uma missão especifica e os padres e os diáconos que os ajudam mais de perto, mas na realidade são todos discípulos. Também os apóstolos antes de serem apóstolos são discípulos. Apóstolos são só no fim da vida de Jesus, só porque receberam o encargo de continuar a sua obra.
São discípulos para treinar a vida do Evangelho.
São discípulos porque são gerados todos pelo mesmo Baptismo de Jesus.
São discípulos porque todos são iguais perante Deus.
Todos com a mesma veste braça.
Todos purificados pelo sangue do cordeiro.
S. João na sua visão celeste fala de uma multidão imensa que não se pode contar de pessoas vestidas de branco e com uma palmeira na mão ( símbolo da vitória = afinal tínhamos razão ) e cantavam….
Na casa de Deus, na família de Deus
há um Pai que é Deus Todo Poderoso,
um Filho que é Jesus Cristo
e uma Mãe que é a Igreja
A mãe não é Maria.
Maria é como a irmã mais velha que ajuda todos.
Mãe é a Igreja.
Nesta família, nesta casa há duas mesas preparadas:
A da Palavra, que é a do professor, da aprendizagem
A da Eucaristia, que é a do comer, da alimentação.
A Igreja é mãe porque
não chumba ninguém para sempre.
Na Igreja quem está no alto pode cair.
E a Igreja não abandona mesmo aqueles que caem.
Vai lá buscá-los, vai onde quer que esteja.
Comovente, parece-me, foi o testemunho que deu do seu professor preferido, que em certa altura se colocou contra a Igreja. Mas a mão estendida mais vezes em determinada altura pegou nele e o levou-o a reconciliar-se consigo e com todos...
Chumbado para sempre? NÃO!!!
Ninguém pode ser chumbado para sempre na Igreja.
As portas estão sempre abertas.

o covívio do almoço